quarta-feira, 22 de setembro de 2010


O SURDINHO

A meninada toda estava na rua. Como era divertido brincar com o surdinho!
- Sur-di-nho! Sur-di-nho! - chamavam os meninos.

E batiam nele de um lado e de outro. O menino surdinho até ficava tonto.
 Os garotos às vezes caçoavam tanto dele, mas tanto, que o surdinho 
corria pra casa, chorando, chorando. Um dia os meninos abusaram 
demais. Chegaram até a lhe dar tapas, pisar nos pés, beliscar e empurrar
 com tanta força que surdinho caía no chão.

Queria ir para casa, mas não podia... Os moleques o agarravam...
 Assim que conseguiu escapar, fugiu, deixando os moleques rindo 
e caçoando dele. Mamãe - vocês sabem como são as mamães - logo
 percebeu que alguma coisa não ia bem. Correu e abraçou Surdinho.

- Que foi filhinho, que foi?
Ele também abraçou a mamãe e chorou muito, muito. Depois 
estos falou que ele não demorasse. Mamãe ficou em casa com 
um aperto no coração.

Surdinho passou escondido pela rua. Quando viu um menino, entrou
 num jardim até que o garoto sumiu. Olhou dos lados e não viu ninguém.
 Começou a correr, até ficar muito cansado. Daí começou a andar devagar. 
Estava tão distraído que nem sabia por onde andava. Seu coraçãozinho 
estava muito cansado. Sabem? Ele se achava fora da cidade. Longe, não?

De repente, Surdinho viu o trilho do trem. Começou a andar nele e a se
 equilibrar. Pulava nas madeiras que seguravam os trilhos. Achou tão 
gostoso brincar ali, sozinho, que até começou a sorrir. E pulava, 
pulava e ria bastante. Era a primeira vez que isso acontecia.

Sua mãe, lá em casa ficou aflita, e cada vez mais aflita. 
Lembrou-se do Surdinho, da sua tristeza, e pensou: "Está 
acontecendo alguma coisa com ele. Saiu correndo para a rua. 
Viu os meninos brincando.

- Hei, sabem do Surdinho?

- Não está em casa?

- Não, ele saiu e não voltou. Ajudem-me a procurá-lo.

Surdinho continuava correndo pelo trinho, rindo, rindo.

- Piuiiii! - apitou o trem, lá longe.

Mamãe ouviu aquele apito e gritou:

- O trem, o trem!

Ela correu em direção à linha do trem. Os meninos foram atrás.

- Piuiiiiiiii! - apitou o trem mais forte, mais perto.

De longe mamãe viu Surdinho pulando e o trem se aproximando.
 As crianças começaram a gritar. Ficaram desesperadas. Queriam
 passar na frente do trem. Mamãe, chorando, gritou:

- Filhinho!

O maquinista do trem viu o menino, tentou brecar, mas não deu tempo...

O Surdinho morreu! Mas morrer é simplesmente ir morar no céu,
 com Jesus, um lugar lindo e maravilhoso. Agora Surdinho estava
 feliz no céu. Agora ninguém caçoava dele e podia ouvir tudo, tudo.
 Ouvia a voz de Jesus, tão meiga e amiga. 

Os meninos choravam arrependidos. Haviam maltratado tanto o
 Surdinho que ele fugiu para longe e o trem o matou. Agora o jardim
 perdeu a graça. A rua ficou triste sem Surdinho. As crianças 
não quiseram mais brincar na rua. Nunca mais caçoaram de 
outro menino. Nunca mais jogaram pedra num aleijado. Nunca
 mais riram de um bobinho. Nunca mais bateram num 
surdinho. Nunca mais, nunca mais.

E vocês? Têm tratato sempre com bondade e alegria as 
pessoas que são aleijadas, ou têm algum problema? Quando você vi
r alguém assim não critique nem dê risadas. Ao invés de você 

criticar, ore por ele. Jesus ensinou claramente que devemos ama
r uns aos outros. Quando alguém abusa de nós, devemos pagar o
 mal com o bem. Jesus promete recompensar-nos se assim fizermos.

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